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Insomnia | ADOX Fine Print Vario Classic G FB
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Insomnia | ADOX Fine Print Vario Classic G FB
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Insomnia | ADOX Fine Print Vario Classic G FB
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Insomnia | ADOX Fine Print Vario Classic G FB
“Exílio e casa – Carlos Medeiros faz fotografia conferindo a cada uma e a toda a sequência das imagens um sentido narrativo sem desfecho, utilizando sombras dramáticas e alto contraste. Não só se apodera do limitado espaço que meticulosamente compôs para uma mulher atormentada, como o sujeita a várias focalizações e jogos de captação daquele sentido, que se pretende linearmente expresso, mas que permanece radicalmente oculto. O clima destas fotografias é o de quem se confina a um quarto, a parte de um quarto que nada logra e, no entanto, se mantém permeável a uma qualquer realidade exterior: o silêncio do telefone, a velada janela, a mala de uma possível viagem, a atitude vigilante ou expectante da personagem cuja natureza contingente se deixa transcender por uma luz que a fere e a redime.
Nenhuma imagem nos é dada na sua totalidade, não obstante residir em todas elas o envio a memórias turbulentas e a alguma coisa que se aproxima, ainda em guarda: a morte e a vida ou, de ambas, a sedução que não se acomoda ao tempo dos relógios e nos surge carregada de ameaças, na “aridez de sucessivos desertos …”, onde nem cabe o apelo de Camilo Pessanha: “Fica sequer, sombra das minhas mãos,/Flexão casual de meus dedos incertos,/ – Estranha sombra em movimentos vãos”.
Situadas num tempo de que os adereços dão conta, sugerindo o film noir de que bem poderiam representar algumas cenas, estas imagens remetem para a intemporalidade do sofrimento humano que a câmara por vezes feroz, por vezes doce vai captando num complexo exercício de cambiantes que vão da vasta treva à luminosidade cirúrgica.
Talvez seja timbre da arte fotográfica de Carlos Medeiros a representação cuidada da ambiguidade ou da fronteira entre opostos: um corpo recuado em aconchegos, amigo de si próprio, e inimigo de si próprio na derrota e extrema desolação. Predador e presa.
A branco e negro é, afinal, o que somos e provisoriamente temos: Exílio e casa. Pelo meio, algumas manchas de luz.”
Maria de Fátima Borges (2009)
fonte: teatromicaelense.pt
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Carlos Medeiros é um fotógrafo e actor dos Açores, com um percurso já longo.
A sua exposição, que esta semana inaugurou na Cinemateca Portuguesa, em Lisboa ( na Rua Barata Salgueiro, à Avenida da Liberdade), foi feita em colaboração com o Teatro Micaelense e mostra imagens a preto e branco, com base em película e numa impressão exemplar, fabricadas pelo autor como se fossem instantes ocasionais de uma narrativa.
Fazendo nalguns momentos evocar fragmentos da obra de Duane Michals (uma boa influência), esta exposição, «INSOMNIA», joga com sequências de imagens e com um olhar por vezes quase surrealista – 32 imagens – realizadas durante uma noite num mesmo quarto.«INSOMNIA» é uma ideia bem concretizada, estará na Cinemateca até 31 de Julho e merece uma visita.
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Carlos Medeiros est un photographe et un acteur des Açores, au parcours déjà long.
Son exposition à la Cinémathèque portugaise présente des images en noir et blanc, prises sur pellicule, avec de très beaux tirages.
Ces photographies constituent pour l’auteur, comme les étapes occasionnelles d’une fiction.
Evoquant par instants des fragments de l’oeuvre de Duane Michals ( une bonne influence ), cette exposition , Insomnia, joue avec des séquences d’images d’inspiration par moments presque surréaliste.
32 photographies prises en une nuit dans une même chambre.
Manuel Falcão
(Jornal de Negocios, 9 avril 2010)
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INSOMNIA
(«A voz humana», Jean Cocteau-Teatro Nacional São João)
Poderiam ser imagens do que antecede ou se segue ao telefonema que uma mulher faz ao amante que a abandona.Poderiam ainda ser imagens de uma das várias interrupções dessa pungente despedida, perturbada por linhas cruzadas e interferências.De facto, não são, mas poderiam ser.Porque o conjunto de fotografias a preto-e-branco, sem títulos, que Carlos Medeiros nos propõe em INSOMNIA parece intersectar a atmosfera e a personagem ferida de «A voz humana» de Jean Cocteau. Se o espectáculo que Carlos Pimenta e o Ensemble propõem na sala do TNSJ se projecta num horizonte nosso contemporâneo, as fotografias de Carlos Medeiros expostas no Salão Nobre recuam. face ao tempo que passou, aproximando-nos antes dos anos 1930 e 1940, a época em que o monólogo de Cocteau se estreou e conheceu, primeiro, o escândalo e, depois, uma invulgar fortuna. Inspirada no imaginário do film noir, utilizando sombras dramáticas e alto contraste, INSOMNIA oferece uma narrativa densa, sem desfecho. Um telefone mudo, a janela de estores corridos, a passagem das horas no relógio de parede: tudo aqui nos fala de uma mulher abandonada à espera e, talvez, ao seu desespero.
Nuno Carinhas (Novembro de 2011)